As dificuldades para mudar na educação
As mudanças demorarão mais do que alguns pensam, porque nos
encontramos em processos desiguais de aprendizagem e evolução pessoal
e social. Não temos muitas instituições e pessoas que desenvolvam formas
avançadas de compreensão e integração, que possam servir como
referência. Predomina a média, a ênfase no intelectual, a separação entre a
teoria e a prática.
Temos grandes dificuldades no gerenciamento emocional, tanto no
pessoal como no organizacional, o que dificulta o aprendizado rápido. São
poucos os modelos vivos de aprendizagem integradora, que junta teoria e
prática, que aproxima o pensar do viver.
A ética permanece contraditória entre a teoria e a prática. Os meios de
comunicação mostram com freqüência como alguns governantes,
empresários, políticos e outros grupos de elite agem impunemente. Muitos
adultos falam uma coisa – respeitar as leis - e praticam outra, deixando
confusos os alunos e levando-os a imitar mais tarde esses modelos.
O autoritarismo da maior parte das relações humanas interpessoais,
grupais e organizacionais espelha o estágio atrasado em que nos
encontramos individual e coletivamente de desenvolvimento humano, de
equilíbrio pessoal, de amadurecimento social. E somente podemos educar
para a autonomia, para a liberdade com processos fundamentalmente
participativos, interativos, libertadores, que respeitem as diferenças, que
incentivem, que apoiem, orientados por pessoas e organizações livres.
As mudanças na educação dependem, em primeiro lugar, de termos
educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas,
entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as
quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos.
O educador autêntico é humilde e confiante. Mostra o que sabe e, ao
mesmo tempo está atento ao que não sabe, ao novo. Mostra para o aluno a
complexidade do aprender, a nossa ignorância, as nossas dificuldades.
Ensina, aprendendo a relativizar, a valorizar a diferença, a aceitar o
provisório. Aprender é passar da incerteza a uma certeza provisória que dá
lugar a novas descobertas e a novas sínteses.
Os grandes educadores atraem não só pelas suas idéias, mas pelo
contato pessoal. Dentro ou fora da aula chamam a atenção. Há sempre algo
surpreendente, diferente no que dizem, nas relações que estabelecem, na
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sua forma de olhar, na forma de comunicar-se, de agir. São um poço
inesgotável de descobertas.
Enquanto isso, boa parte dos professores é previsível, não nos
surpreende; repete fórmulas, sínteses. São docentes “papagaios”, que
repetem o que lêem e ouvem, que se deixam levar pela última moda
intelectual, sem questioná-la.
É importante termos educadores/pais com um amadurecimento
intelectual, emocional, comunicacional e ético, que facilite todo o processo de
organizar a aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que
valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que a repreensão,
o apoio que a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de
pesquisa e de comunicação.
As mudanças na educação dependem também de termos
administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que entendam
todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico, além das
empresariais ligadas ao lucro; que apoiem os professores inovadores, que
equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano,
contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio e
comunicação.
As mudanças na educação dependem também dos alunos. Alunos
curiosos, motivados, facilitam enormemente o processo, estimulam as
melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e
parceiros de caminhada do professor-educador.
Alunos motivados aprendem e ensinam, avançam mais, ajudam o
professor a ajuda-los melhor. Alunos que provêm de famílias abertas, que
apoiam as mudanças, que estimulam afetivamente os filhos, que
desenvolvem ambientes culturalmente ricos, aprendem mais rapidamente,
crescem mais confiantes e se tornam pessoas mais produtivas.
Fonte de Pesquisa
http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/T6%20TextoMoran.pdf
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