quinta-feira, 19 de agosto de 2010

As dificuldades para mudar na educação

As dificuldades para mudar na educação


As mudanças demorarão mais do que alguns pensam, porque nos

encontramos em processos desiguais de aprendizagem e evolução pessoal

e social. Não temos muitas instituições e pessoas que desenvolvam formas

avançadas de compreensão e integração, que possam servir como

referência. Predomina a média, a ênfase no intelectual, a separação entre a

teoria e a prática.

Temos grandes dificuldades no gerenciamento emocional, tanto no

pessoal como no organizacional, o que dificulta o aprendizado rápido. São

poucos os modelos vivos de aprendizagem integradora, que junta teoria e

prática, que aproxima o pensar do viver.

A ética permanece contraditória entre a teoria e a prática. Os meios de

comunicação mostram com freqüência como alguns governantes,

empresários, políticos e outros grupos de elite agem impunemente. Muitos

adultos falam uma coisa – respeitar as leis - e praticam outra, deixando

confusos os alunos e levando-os a imitar mais tarde esses modelos.

O autoritarismo da maior parte das relações humanas interpessoais,

grupais e organizacionais espelha o estágio atrasado em que nos

encontramos individual e coletivamente de desenvolvimento humano, de

equilíbrio pessoal, de amadurecimento social. E somente podemos educar

para a autonomia, para a liberdade com processos fundamentalmente

participativos, interativos, libertadores, que respeitem as diferenças, que

incentivem, que apoiem, orientados por pessoas e organizações livres.

As mudanças na educação dependem, em primeiro lugar, de termos

educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas,

entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as

quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos.

O educador autêntico é humilde e confiante. Mostra o que sabe e, ao

mesmo tempo está atento ao que não sabe, ao novo. Mostra para o aluno a

complexidade do aprender, a nossa ignorância, as nossas dificuldades.

Ensina, aprendendo a relativizar, a valorizar a diferença, a aceitar o

provisório. Aprender é passar da incerteza a uma certeza provisória que dá

lugar a novas descobertas e a novas sínteses.

Os grandes educadores atraem não só pelas suas idéias, mas pelo

contato pessoal. Dentro ou fora da aula chamam a atenção. Há sempre algo

surpreendente, diferente no que dizem, nas relações que estabelecem, na

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sua forma de olhar, na forma de comunicar-se, de agir. São um poço

inesgotável de descobertas.

Enquanto isso, boa parte dos professores é previsível, não nos

surpreende; repete fórmulas, sínteses. São docentes “papagaios”, que

repetem o que lêem e ouvem, que se deixam levar pela última moda

intelectual, sem questioná-la.

É importante termos educadores/pais com um amadurecimento

intelectual, emocional, comunicacional e ético, que facilite todo o processo de

organizar a aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que

valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que a repreensão,

o apoio que a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de

pesquisa e de comunicação.

As mudanças na educação dependem também de termos

administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que entendam

todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico, além das

empresariais ligadas ao lucro; que apoiem os professores inovadores, que

equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano,

contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio e

comunicação.

As mudanças na educação dependem também dos alunos. Alunos

curiosos, motivados, facilitam enormemente o processo, estimulam as

melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e

parceiros de caminhada do professor-educador.

Alunos motivados aprendem e ensinam, avançam mais, ajudam o

professor a ajuda-los melhor. Alunos que provêm de famílias abertas, que

apoiam as mudanças, que estimulam afetivamente os filhos, que

desenvolvem ambientes culturalmente ricos, aprendem mais rapidamente,

crescem mais confiantes e se tornam pessoas mais produtivas.
 
Fonte de Pesquisa
http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/T6%20TextoMoran.pdf

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